maio 01, 2012

"Into the Abyss", momentos da vida e da morte

Senti-me desolado depois de ver Into the Abyss (2011) de Werner Herzog, tudo aquilo que é questionado ao longo do filme cria em nós uma sensação estranha, um questionamento sobre os momentos da vida. No final dei por mim imensamente deprimido, não por uma tristeza contagiada explicitamente pelo filme, mas por tudo aquilo que este me fez questionar.


Este filme obriga-nos a parar para pensar, de repente somos colocados de frente para aquilo que a vida é, um fio frágil de decisões. O filme conduz-nos através dos nossos medos viscerais da relação com as decisões diárias, obriga-nos a questionar sobre decisões que tomámos no passado, e sobre aquilo que poderia ter acontecido se tivéssemos optado por outras soluções. A vida é curta, mas feita de momentos insignificantes que adquirem significâncias definitivas.


O filme não fala explicitamente sobre a vida, não questiona o que andamos cá a fazer. Simplesmente mostra dois sujeitos que mataram outros três, as suas famílias, e as pessoas da instituição responsável por efectuar a pena. Herzog procura alguma neutralidade dando voz a todos os intervenientes. Consegue de forma brilhante dar-nos a ver a perspectiva de todos os envolvidos na pena capital - o condenado, o carcereiro, e a família da vítima. Este trio abre explicações para o que acontece ali, e explica o que sente cada um.


As três perspectivas são apresentadas de uma forma bastante clara, ainda que de forma muito emocional. As entrevistas são realizadas pelo próprio Herzog num tom de voz de uma calma imensa, e com pezinhos de lã para evitar ferir susceptibilidades. Mas no final do filme não partimos como entrámos, apesar de que acredito que cada um sairá com as suas próprias convicções ainda mais reforçadas.

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