julho 05, 2012

engagePress, Investigação e Arte

Ontem foi dia de lançamento da engagePress e dos seus dois primeiros eBooks, Contos e Jogos de Liliana Rocha e Jogar com Histórias de Damas de Raquel Pinto, lançados em PDF aberto e versão iPad. Para marcar esta data convidámos o Heitor Alvelos que nos proporcionou um serão imensamente recompensador em termos de discussão sobre Arte+Ciência.

Diapositivo de Heitor Alvelos

O Heitor apresentou-nos um assunto que continua na ordem do dia, que é o de saber como é que o processo artístico pode fazer parte do discurso científico. Algo com que eu e outros colegas continuamos a debater-nos, porque quando trouxemos a arte para as Universidades e para os Laboratórios de Investigação esquecemo-nos que o seu processo de produção de conhecimento, era distinto, e muito, do método experimental que é a base de produção do conhecimento em ciência.

Heitor Alvelos

A abordagem do Heitor é como ele diz pouco ortodoxa, mas revejo-me totalmente nela. Não sei se por ter restado alguma costela dos tempos que passei em engenharia, mas não consigo ver a investigação científica de outra forma. Para o Heitor a Arte a partir do momento em que entra pelas portas da Universidade adentro tem de se subjugar ao método de trabalho desta, tal como acontece com qualquer outra área de trabalho. Ou seja, uma investigação científica seja um doutoramento ou qualquer projecto de investigação, não pode nunca escudar-se detrás da Esteticização ou do Hermetismo. O objecto de estudo tem de se dar à Mediatização e à Comunicabilidade, correndo o risco de se encerrar nos meros subjetivismos, esoterismos ou transcendências do processo de criação artística. Não cabe na discussão científica o inexplicável, ou o mero interpretativo, porque a ciência precisa de um edifício seguro de sustentação das ideias e conceitos capaz de suportar um pensamento lógico.


Na discussão falou-se também muito dos processos atuais de Open Publishing, dos processos de filtragem de informação, da automação da busca, do afunilamento dos conteúdos. O Heitor levantou uma questão deveras pertinente, "se vivemos numa sociedade com acesso global a praticamente todo o conhecimento produzido e em produção, como se explica que a grande maioria de pessoas, as massas, continuem a seguir de enfiada as celebridades da música pop, do cinema mainstream ou da literatura do momento?" E isto leva a um outro ponto, "apesar de termos canais à disposição para dizer tudo o que nos vai na cabeça, o que é que nos faz acreditar que os outros nos têm de ouvir a nós?"

Diapositivo de Heitor Alvelos

O Pedro Branco trouxe ainda para a discussão as aulas de Stanford dadas para mais de 100 mil alunos em simultâneo que nos levou à discussão da aprendizagem e auto-aprendizagem, acabando por nos deixar a defender que mais do que nunca cada indivíduo precisa de contar consigo próprio como o principal filtrador de informação. Acabaram-se os tempos em que podíamos delegar essa função nos gatekeepers, porque agora mais do que nunca, informação e contra-informação co-existem no mesmo espaço e no mesmo tempo, e apenas cada indivíduo pode verdadeiramente discernir o que melhor lhe serve em cada momento.

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