maio 24, 2013

estudos da eficácia dos jogos no controlo emocional

No mês passado falei aqui, e na Eurogamer, sobre a possibilidade dos videojogos poderem servir no controlo emocional humano, e nesse sentido poderem contribuir para criar uma sociedade mais equilibrada emocionalmente, mais capaz de reagir aos desafios e tentações da vida. Nessa altura trabalhei essa ideia baseada no Experimento do Marschmellow de Walter Mischel interpretado por Daniel Kahneman, e que nos diz que as crianças de 4 anos que revelaram dificuldade em resistir ao marschmellow no prato, passados alguns anos revelaram maiores dificuldades na escola e dificuldades em resistir a drogas.

Uma investigadora observa uma menina de 4 anos num programa de treino de atenção. A criança aprende a controlar um gato no ecrã por meio de joystick de modo a mantê-lo fora da chuva, para assim conseguir levá-lo até à relva sem passar pela lama. Depois disso precisa de conseguir apanhar um pato numa lagoa. (Fonte)

Agora encontrei o trabalho do neurocientista Michael Posner que realizou vários estudos [1, 2, 3] ao longo da última década que demonstraram que era possível, em crianças pequenas dos 3 aos 7 anos, treinar os níveis de atenção e concentração. A ferramenta de treino utilizada nos estudos foi nada menos que um videojogo desenhado especificamente para o efeito. No jogo as crianças tinham de controlar um gato que se movia no ecrã de modo a evitar a chuva, depois a lama, e no final a conseguir apanhar um pato numa lagoa. As crianças tinham sido testadas antes, e foram testadas depois. Verificou-se que o seu nível de controlo, no grupo dos 6 anos, amadureceu com o treino, quase ao nível de um adulto. No caso dos 4 anos, os seus resultados de IQ em funções não-verbais melhoraram bastante. Posner diz-nos
"We should think of this work not just as remediation but as a normal part of education... Attention plays a very important role in acquisition of high-level skills, and if attention is trainable, it becomes attractive for preschool preparation." [3]
Estes estudos mostram que os jogos podem ser altamente benéficos no treino de funções elevadas de cognição, no controlo emocional do impulso, e consequentemente no aumento da componente de inteligência. Não precisamos de jogos desenhados especificamente para isto, porque tal como demonstrei aqui, existem muitos jogos que podem contribuir para este treino. Além dos que já dei, aproveito para deixar aqui o último exemplo que jogámos cá em casa, eu e o meu pequeno de 4 anos, e que acredito que funciona muito bem para o efeito, Rayman Origins (2011).

Trailer de Rayman Origins (2011)

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