janeiro 26, 2008

Comentários na West Coast

Opto por passar os comentários da Patrícia Gouveia ao texto West Coast, em triângulo... para texto principal, porque assim terão uma visibilidade diferente e podem contribuir para uma discussão mais interessante sobre a temática.
Gostei de ler o teu post pois embora tenha andado completamente fora desta polémica tenho uma opinião demolidora sobre esta imagem gráfica. Sinceramente não sabia que estava a ser alvo de crítica tão generalizada pois ando tipo zombie mas essa crítica parece-me evidente pois a campanha pôs-se a jeito. Até já tinha pensado também escrever sobre isto. Senão vejamos os pontos com que se apresenta de um provincianismo a toda a prova:

_uso da paisagem sobre os retratos (esta insistência das belas paisagens é criticada há tanto tempo que nem dá para acreditar), as pessoas não visitam países pelas suas paisagens mas pela sua cultura daí os espanhóis, mais espertos, colocarem obras de Miró e outras;

_os retratos são de pessoas algumas conhecidas outras desconhecidas mas só isso torna logo o assunto problemático, eu acho que conheço bastante de arquitectura mas nunca ouvi falar daquele sujeito..? Em relação às artes plásticas…? Porquê Joana Vasconcelos e não Paula Rego? No Briefing esta questão deveria ter sido equacionada e coloca, sem necessidade nenhuma, fragilidade na intençãoda agência, pelo menos cá dentro; lá fora ninguém os reconhece portanto acho que acabam por funcionar como anónimos;

_o nome do fotógrafo é puro parolismo e a utilização de um estrangeiro na campanha lembra-me uma polémica no Brasil sobre o facto da primeira-dama (senhora Lula, uma parola) não usar roupas de estilistas nacionais, ao contrário das primeiras damas dos países mais desenvolvidos; Acredito que é importante dar este trabalhos aos excelentes artistas nacionais acho isto equivalente a ter designers como o Stefan Sagmeister a fazer o grafismo da casa da música; numa palavra: parolo, mais do mesmo, de facto;

_eu pessoalmente acho a imagem pirosa, um efeitozinho paisagístico sobre retratos que se calhar até são bons, não dá para ver naquela estética do multiply;

_façam cartazes e mupis com obras emblemática das arquitectura portuguesa (pavilhão de Portugal, por exemplo), pinturas de Paula Rego ou de João Penalva misturadas com as obras da Joana Vasconcelos e outros escultores;

_mostrem a Marisa a cantar no São Luís; o Mourinho e o Cristiano Ronaldo a jogar no estrangeiro agora aquele mix mal digerido não me convence nada… para mim é mais do mesmo, falta de cultura visual e estética no seu expoente, sorry! Fiquei entristecida por o governo alinhar nestas palhaçadas e não acho que seja um problema e bandeira mas de má formação estética. xxx mouse

2 comentários:

  1. Obrigado pelos teus comentários com os quais concordo apesar de estarem em desacordo com as minhas perspectivas. Julgo que nestas coisas é necessário abrir mais o espírito apesar de tudo :)

    Quanto a Espanha, é verdade que graficamente a inspiração é Miró, no entanto como saberás nem todo o target da campanha reconhecerá Miró e acima de tudo o que lá está é Espanha = Sol. Ou seja, não vejo uma tão grande diferença. Contudo concordo e eu visito pela cultura e não pelo clima. Mas atenção, a que pessoas te estás a referir. As massas não vão para Espanha e menos ainda Portugal pela cultura, mas pelo clima e no nosso caso ainda pelo factor segurança. É claro que querem cultura, mas querem mais é infraestruturas e entretenimento.

    Quanto ao nome do fotógrafo, quero acreditar que a intenção foi no sentido do que defendi no meu post. A acusação de parolismo percebo-a perfeitamente, mas não vejo como se conseguiria sustentar a posição em toda uma campanha realizada em pleno 2008. Ao longo das últimas décadas muitas vezes se tem discutido este assunto e julgo que se tem aprendido com isso. Por outro lado julgo que é necessário da nossa parte uma maior contenção quanto ao incentivo e estimulo do uso exclusivo da nata nacional em todas as áreas para não voltar a cair num ridículo nacionalismo. Além de Portugueses, somos membros de uma comunidade europeia na qual o trabalho é livre e aberto e a sua não aceitação é punível por discriminação. Se posso concorrer a um concurso para dar aulas/investigar em Cambridge, Malmö ou Barcelona não vejo porque um fotógrafo não possa concorrer para criar a imagem de uma campanha em Portugal :)

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  2. olá Nelson,

    Uma polémica sabe sempre bem mas para post preciso de uma revisão de texto, hehehe. Além das gralhas (várias) onde se lê "seigmeister" deve ler-se "Sagmeister". Podes mudar?

    Eu percebo o que dizes em relação ao turismo de "massas" mas hoje existem movimentos turísticos que levam as pessoas a ver edifícios; pergunto-me quantas pessoas levou a casa da música ao Porto ou arquitectos do mundo inteiro que vieram ver o estádio do Braga?

    Não sou contra a contratação de um arquitecto estrangeiro ou de um designer estrangeiro e concordo plenamente com a livre circulação na Europa aliás sou convictamente europeísta;

    o que me interpela é que nestas "obras" tão emblemáticas se fuja à contratação de um português por motivos óbvios de consenso e depois se cheguem a estes equívocos que é "convidar um estrangeiro para fotografar portugueses" onde a cara das pessoas é mais importante do que o trabalho que realizam. Aliás a maioria dos escolhidos são escolhidos porque se impõem lá fora… como se nós cá dentro não tivéssemos (ainda) a capacidade de nomear aqueles que definem a nossa cultura… pobre é a palavra!

    Depois é também a oportunidade de divulgar mais um artista português lá fora mas isso penso que os portugueses são demasiado invejosos (diria José Gil) para nomear alguém entre os seus pares e há sempre um estrangeiro que todos (principalmente quem tem poder para isso) gostaria de conhecer. O costume! Ando há anos arrepiada com este movimento tão corriqueiro.

    Penso que o problema está na cobardia de assumir que não temos nenhuma “obra” para além daquela que os outros dizem que temos (velho movimento este, não?)

    Porque não se fez uma publicidade do tipo da usada na expo 98 (que celebrava a nossa capacidade) ou do anúncio “vá para fora cá dentro” (e esta é só paisagem mas é bem produzida, parece-me) mas com as obras, acontecimentos e também pessoas mas integradas nas coisas. A colecção Berardo (quantas pessoas leva a Espanha o Museu Rainha Sofia, o Prado ou a Arco?), o pavilhão de Portugal, os pastéis de Belém, um vinho do Porto ou um quadro…sei lá… Não, escolheram-se duas imagens óbvias da cultura visual (retrato e paisagem) em versão mix fotografada… para mim é básico demais, sem movimento e rafeiro. Daí que, no mundo inteiro quando se viaja, de Portugal só se sabe dos descobrimentos (e quando se sabe alguma coisa), do Eusébio, Amália e Figo! Por este andar vai continuar assim só que agora mudaram os nomes: Marisa, Cristiano e Mourinho! Fixe, Portugal futebol e fado! Os outros ninguém sabe o que fazem… com honrosas excepções pois resumem-se a escolhas de “elite”. Não era para massas?

    ;-( ando inspirada! Xxx mouse

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