julho 27, 2008

adrenalina visual


Frontière(s) (2007) tem sido várias vezes referenciado como uma cópia de The Texas Chainsaw Massacre (1974), o qual não posso deixar de concordar no que toca ao conteúdo, de qualquer forma acredito que o filme está bastante mais próximo de Hostel (2005) enquanto obra fílmica.

Também muito acusado de uma total falta de inovação no género, de ser mais do mesmo, aqui discordo em absoluto. Sim que a narrativa se deixa pelos lugares comuns mas o filme vai muito além da narrativa. A intensidade, brutalidade, resistência, dureza, grotesco e drama são verdadeiramente chamados a estar presentes. Existe algo de intrínseco no filme que desperta a nossa atenção e se liga à nossa empatia, algo que nos transporta ao longo de uma das viagens mais intensas de sempre no cinema no que toca ao festim de tortura, dor e sangue com credibilidade técnico-visual. Um autêntica montanha-russa de sangue e adrenalina.

Enquanto história deixa algo a desejar, pelo lado cliché do horror, já do lado da narrativa Frontieres é muito bem estruturado e intenso levando a audiência num verdadeiro crescendo para além de qualquer limite expectável na progressão narrativa. Um começo que pouco ou nada promete e que se vai abrindo através de lugares comuns do horror mas que vão sedimentando toda uma base para o que lá vem.

Acima de tudo é um filme que surpreende por duas razões, é um género tipificado por uma cultura americana mas aqui transposto para a cultura europeia. Hostel também o foi, mas com a diferença que se tratava de um filme americano realizado na Europa. Aqui percebe-se que os terrores e vícios são nossos vizinhos e não provenientes de uma qualquer província americana desconhecida.

A segunda razão e a mais importante, está relacionada com a mestria da realização. Ao detalhe e em pormenor nada é deixado ao acaso e o gore e splash são apresentados com honras de primeira qualidade. Ou seja, o filme não é inovador na quantidade de sangue e loucura que projecta, mas é-o pelo nível de qualidade com que o faz pelo savoir-faire que apresenta ao dispor de um género que sempre foi considerado de nível "b" ou "z" uma espécie de porno do Thriller.

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