setembro 17, 2012

Chris Cunningham: Jaqapparatus

Chris Cunningham esteve quase para ser o foco do meu doutoramento, mas isso obrigaria a um trabalho mais teórico, de reflexão e crítica à obra do autor, e o que eu pretendia fazer era projetual, criar soluções para resolver problemas. Naquela altura Cunningham estava no auge da sua fase dos videoclips (All Is Full of Love, Björk, 1999) e publicidade (Mental Wealth, PlayStation 2, 2000) pouco depois começou a trabalhar na realização de um projecto que nunca viria a ver a luz do dia, a adaptação de Neuromancer de William Gibson. Pelo meio desenvolveu ainda trabalho para os robôs de AI de Kubrick.


O que me chama particular atenção em Cunningham é o modo como este desenvolve a estranheza em nós, através do exageramento da forma humana. A sua estética define-se pelo modo como modela os corpos e lhes atribui dimensões e posicionamentos diferentes, e sobre isso altera os ritmos naturais do corpo. Para quem queira aprofundar o trabalho produzido por Chris Cunningham aconselho vivamente The Work of Director Chris Cunningham (2003) .


Depois dos telediscos para a Bjork e Madonna tudo indicava que Cunningham se iria tornar numa estrela de cinema,  mas a verdade é que este nunca se deu muito bem com a criação de produtos de grande consumo, de fácil digestão. Por isso ao invés disso, deixou os spots e os telediscos e começou a trabalhar apenas com instalações. Uma das instalações mais interessantes, porque cruza o seu trabalha visual e a experienciação da instalação é Flex (2000). Um filme de 18 minutos que se repete indefinidamente, e no qual um casal explora a sexualidade, que por sua vez é explorada em metáforas da linguagem audiovisual. Flex evidencia muito claramente porque é que ele não poderia ser um realizador de Hollywood, interessa-lhe muito mais a inovação da experiência, a descoberta de novas abordagens na expressão visual, e isso seria muito difícil de explorar num filme de grande orçamento.

Flex (2000)

Fica aqui então o vídeo que me fez escrever este texto, Chris Cunningham: jaqapparatus, um filme do colectivo Nowness que faz uma rápida resenha de Cunningham e mostra imagens do seu último trabalho, a instalação "jaqapparatu"s criada para uma exposição da Audi.

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