novembro 10, 2012

paciência e perseverança

Origami (2012) é mais um belíssimo trabalho da ESMA (École Supérieure des Métiers Artistiques) realizado pelos alunos Joanne Smithies, Eric De Melo Bueno, Michael Moreno, Hugo Bailly Desmarchelier e Camille Turon.


Origami é brilhante porque apesar de se focar sobre a arte do origami aborda duas qualidades essenciais à própria arte da Animação - a paciência e a perseverança. São duas características que qualquer animador sabe serem essenciais, mas invisíveis para quem vê de fora. Todos os anos em que dou a cadeira de Animação falo nelas no início do semestre, mas os alunos só as percebem quando chega a altura de desenvolver os seus projectos e começam a sentir a dureza do esforço necessário à concepção do que imaginaram nas suas cabeças.


Este pequeno filme metaforiza muito bem o processo de luta interna que ocorre quando temos de ser perseverantes para continuar a trabalhar, a experimentar, a criar até conseguir desenvolver aquilo que imaginámos e desejámos criar. A metáfora mostra como o medo de não conseguir se apodera de nós, como experimentando com elementos mais simples vamos conseguindo escapar dessa perseguição, com a paciência e a preseverância vamos evoluindo na arte e vamos assim escapando da escuridão que é a incapacidade de fazer. O brilho que vemos ao longo dessa perseguição não é mais do que a compensação interior por termos alcançado os objectivos, como se esses servissem para iluminar o nosso caminho na concepção de projectos cada vez mais arrojados.


Sem dúvida, uma obra de grande valor, e que no campo formal não fica em nada atrás. Adoro as texturas, não gostei inicialmente do design dos personagens, mas ao longo do filme acabamos por nos apaixonar por eles. Por sua vez o controlo da iluminação e composição musical contribuem cabalmente para construir a atmosfera perceptiva necessária à interiorização dos dois conceitos.

Origami (2012)

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