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setembro 30, 2016

Exercício de expressão do Nada

O motion designer Ash Thorp conseguiu mais uma pausa entre trabalhos para se dedicar ao experimentalismo, desenvolvendo um exercício pessoal de pura expressão artística. "None" (2016) tem apenas três minutos, mas consegue transportar-nos para um mundo alternativo, ainda que imensamente minimal e estranho, perfeitamente convincente.




A ideia subjacente ao trabalho relaciona-se com a procura do eu no meio da imensidão de ruído que nos circunda, e fá-lo contrastando as sombras produzidas por edifícios de porte opressivo, caros às grandes cidades, prenhes de ruído sonoro e visual.

"None" (2016) de Ash Throp

junho 04, 2016

Fragmento e detalhe no title design de Filipe Carvalho

Filipe Carvalho é uma das referências internacionais no mundo do title design (design de genéricos) e esteve recentemente no Semi Permanent 2016 em Sydney, para o qual criou também o genérico promocional do evento que podemos ver abaixo, agora disponibilizado pelo Art of Title.






O seu mais recente trabalho está nas salas de cinema e serve a abertura e fecho de “Alice Through the Looking Glass” (2016). Se quiserem mais, podem seguir o seu trabalho a partir do seu site Random Thought Pattern. É verdade que o Filipe não se dedica apenas ao title design como poderão ver na página, e também como se pode ver desde já neste filme para a Semi Permanent, o seu trabalho distribui-se por todas as áreas relacionadas com a imagem em movimento, desde a realização à edição, passando pela cinematografia, produção e inevitavelmente o design.

Este filme é paradigmático de toda essa versatilidade de Filipe Carvalho, e por isso é também tão relevante na análise do seu percurso já que dá conta do amadurecimento, da capacidade de conduzir o todo da experiência plástica audiovisual para o conceito visionado. Sendo o title design, tal como grande parte do motion design, uma espécie de arte de fusão, pela apropriação de conceitos e objetos, sua colagem e mistura, é-o sem parecer um mero compilar de elementos, e é talvez por isso mesmo que se tem destacado tanto, e ganho tanta importância nos últimos anos.

Podemos ver como, ao longo destes 2 minutos, são trazidos à liça, a narração de Tom Waits, o texto de Charles Bukowski, as imagens de Toros Kose, a música de Tiago Benzinho, tudo (excepto a música) é servido em fragmentos, recortes, partes incompletas, desconectas, e como Filipe Carvalho reconstrói nexo, narrativiza. E não estamos a falar de mera samplagem audiovisual porque tudo é envolvido por um conjunto de novas imagens criadas pelo próprio Filipe (ver making of).

"Semi Permanent 2016 Opening Titles" de Filipe Carvalho

Se a música nos parece ser a pauta que lima os desfasamentos, e mesmo reconhecendo a sua enorme mais valia, é a partir do trabalho de composição visual que o sentido emerge, pela sua produção de valor estético. O modo como se trabalha a fragmentação e o detalhe de todos os elementos, nomeadamente a tríade — movimento, espaço e conceitos — acaba sendo a responsável por garantir a expressividade e identidade de todo o texto audiovisual.

março 17, 2016

Mais algumas delícias do Jardim Terreno

No âmbito de um curso de especialização em Video Design and Mapping leccionado pelo IED - Istituto Europeo di Design em Florença, Victor Valobonsi criou o teledisco "Submission of Thought" (2016) para o duo Drumcell & Luis Flores. O filme não é mais do que um trabalho de motion design sem grande complexidade, mas ganha encanto pela obra de fundo utilizada como tema, "O Jardim das Delícias Terrenas" (1504) de Hieronymus Bosch.

Detalhe da tela, apresentado como plano geral do filme "Submission of Thought

Abas exteriores do tríptico, quando fechado, que representarão "A Criação do Mundo".

A cada novo trabalho que se realiza sobre as telas de Bosch sente-se como se novas obras do autor nos surgissem na frente. Isto deve-se ao facto de cada uma das telas conter um tal nível de detalhe que qualquer observação geral fica muito aquém da apreensão do todo nelas contido. Neste pequeno vídeo, que me surpreendeu mais pela qualidade do recorte e tratamento do mesmo do que do movimento, sente-se exatamente isso, uma espécie de sensação de novo, como se apesar de já ter olhado para este quadro dezenas de vezes, de o ter até visto ao vivo, tudo o que me surge parece ser algo que nunca tinha visto. Na verdade, ver vi, até porque o contexto do traço e cor rapidamente me situou em termos de autor e obra, mas o conteúdo em si, a sua expressão concreta, não me recordo propriamente de ter visto, ou pelo menos não restaram na minha memória quaisquer registos.

"Submission of Thought" (2016) de Victor Valobonsi 

fevereiro 11, 2016

Motion designer: Danny Yount

A Adobe Create criou um pequeno filme sobre Danny Yount, um dos mais brilhantes designers de genéricos a surgir depois de Kyle Cooper. Vale a pena ver, pela qualidade do resumo, mas acima de tudo pela enorme simplicidade, humildade e autenticidade de Yount.






Young tornou-se conhecido com os genéricos de Six Feet Under, Kiss Kiss Bang Bang e RocknRolla desde então criou a sua própria produtora a Prodigal Pictures e dezenas de genéricos para alguns dos filmes mais caros de Hollywood, tendo ganho vários Emmys que guarda numa básica prateleira Ikea.

Young dá algumas pistas sobre o modo de entrar na indústria, nomeadamente fala do sentido de oportunidade que surge num momento limitado e que precisa de ser aproveitado. De qualquer modo podem ver no site da sua empresa aquilo que neste momento conta e o que se procura neste domínio em termos de competências.

"The Film Before the Film - Title Designer Danny Yount" (2015) Adobe Create


Mais sobre este tema:
Off Book: "The Art of Film and TV Title Design"
Histórias do Title Design

julho 02, 2015

Os genéricos de "True Detective"

A Elastik voltou a surpreender com mais um genérico, para a segunda temporada de "True Detective", o que é um feito, já que depois de nos ter surpreendido com o genérico da primeira temporada (rever abaixo), não era fácil ultrapassarem-se a si próprios, mas conseguiram.




Ambos os trabalhos funcionam sobre uma base de mescla entre o recorte fotográfico e a ilustração. No primeiro, a mescla funcionava mais por dissolving e blurring, neste entra-se num registo mais rugoso e texturado, trabalhado numa mescla muito limpa e delineada. Aliás, podemos dizer que se nota aqui alguma influência do design de Carson, ou numa referência mais próxima, Kyle Cooper, mas que se diferencia pelo choque entre os aspectos, fragmentado e limpo. Por outro lado, se o primeiro manifestava grande sobriedade através de uma palete muito pouco saturada, neste a cor torna-se dominante, imprimindo enorme sumptuosidade.

Interessante como as séries de televisão se transformaram, sendo capazes de ombrear, em termos técnicos e estéticos, com o melhor que o cinema nos tem dado, e como continuam a melhorar. Ainda há pouco tempo tinha aqui dado conta de um plano sequência, realizado exatamente para esta série, que não ficava atrás, em nada, daquilo que o cinema tem feito. Há muito que falamos da idade do ouro das séries de televisão, mas inicialmente os seus atributos limitaram-se mais ao storytelling, foi apenas nos anos mais recentes que a estética audiovisual se começou a refinar, e como podemos ver, está cada vez melhor.

True Detective, Season 2, Main Titles (2015)


True Detective, Season 1, Main Titles (2014)

dezembro 22, 2014

o Belo

Rino Stefano Tagliafierro criou "Beauty" (2014), aquilo que parecia ser mais um trabalho no campo da animação de obras de arte, algo que se foi tornando cliché com o advento das tecnologias de edição audiovisual (ver Movimento de: Gogh, Munch e Picasso ou Recriação de grande quadro em 3D). Por isso demorei tanto tempo a ver o trabalho, que já está online há quase um ano, e agora deixou de estar online por andar a percorrer os festivais de cinema. A verdade é que encontrei o filme completo e pude finalmente dar-me ao deleite de o saborear, e compreender porque não era apenas mais um filme do género.




"Beauty" socorre-se de um conjunto extenso de obras para construir uma espécie de mini-narrativa que é fortemente suportada pelos períodos Renascentista, Barroco e Romantismo, reconhecidos pelo enaltecimento da beleza do corpo, do drama e da tragédia. Deste modo Tagliafierro desenvolve um conjunto de temas que se repetem em várias obras desses períodos, criando uma certa causalidade coadjuvada por uma banda sonora que força o sentimento de progressão narrativa, conseguindo assim criar algo de verdadeiramente único, pode-se mesmo dizer, belo. O filme consegue assim transpor o sentimento que percorre cada tela para um objecto temporal e sonoro, criando uma experiência nova, rica, e altamente sensorial.

 
"Beauty" (2014) de Rino Stefano Tagliafierro

junho 17, 2014

A animação no jornalismo

O New York Times é conhecido por investir em múltiplas formas de expressão para comunicar com os seus leitores, mas foi com alguma surpresa que descobri que agora também o faz por meio de filmes de animação. A coluna Modern Love do jornal que já tinha direito a ilustração, passou a ter também direito a uma extensão em animação. Já existem na página da coluna vários trabalhos publicados, mas o desta semana é deveras surpreendente, a história é muito boa e a animação eleva toda a sua expressão dramática.


"Tim and Sarah McEown never saw their 22-year age difference as an obstacle in their relationship, until Tim had a heart attack."

A animação foi criada por Freddy Arenas, reconhecido motion designer, que procurou aqui adaptar a linguagem do motion, mais abstracta e menos narrativa, à linguagem mais canónica da animação, de representação e storytelling. O Motiongrapher fez-lhe uma pequena entrevista que vale a pena ler assim como analisar os storyboards que aí nos são apresentados.

"Modern Love: Beyond Years" (2014) de Freddy Arenas

abril 10, 2013

Bitcoin explicado em 3 minutos

Duncan Elms é um designer gráfico australiano especializado em motion e resolveu criar um filme para explicar a natureza da nova moeda digital, o Bitcoin. O filme é muito curto, visualmente muito conseguido, capaz de explicar em poucos minutos do que se trata. Não é tomado qualquer posicionamento, apenas se explica o que é, como surgiu, como funciona, e avança com alguns dos seus efeitos.




Em termos gráficos temos um trabalho de infografia dinâmica capaz de assegurar uma boa exemplificação do que se vai dizendo, mas incapaz de ser autónomo da narração. O assunto é complexo, e mesmo com a narração aconselho rever uma segunda vez para se conseguir captar algumas nuances. De qualquer modo o filme deve ser visto apenas como um pequeno cartão de entrada no mundo do Bitcoin. Para se compreender o assunto aconselha-se a leitura de muita da informação online, pró e contra, já que podemos encontrar discursos falando sobre o seu impacto revolucionário a discursos que assemelham o Bitcoin a um mero sistema Ponzi. Fica do vosso lado serem capazes de triar a informação. Alguns sugerem o Bitcoin como o último porto seguro, outros falam em mais uma bolha especulativa. Deixo uma análise rápida de Krugman.
"[bitcoin] has fluctuated sharply, but overall it has soared. So buying into [bitcoin] has, at least so far, been a good investment. But does that make the experiment a success? Um, no. What we want from a monetary system isn’t to make people holding money rich; we want it to facilitate transactions and make the economy as a whole rich. And that’s not at all what is happening in [bitcoin]." Paul Krugman, 7.9.2011 [fonte]
Bitcoin Explained (2013) de Duncan Elms

janeiro 05, 2013

geometria em movimento

That Will Be The Day (2012) é uma colaboração audio/visual entre o compositor Aldo Arechar e o motion grapher Matthew DiVito. A música é retirada do novo EP, "I", de Arechar que podem ouvir completo no Bandcamp. Se quiserem mais sigam para o álbum Water, também de 2012 e também completo online.


Mas se a música é sublime, considero o visual ainda mais. Já aqui falei do trabalho de Matthew DiVito quando este fez um jogo visualmente brilhante, Of Species (2011), para o Ludum Dare 24 que nomeei mesmo como um dos melhores jogos de 2012. Entretanto DiVito tem sido muito reconhecido online pelo seu trabalho fantástico com gifs animados.

White Xmas (2012) gif animado de Matthew DiVito

Aliás este meu texto surge com duas novidades de DiVito, porque depois de realizar este vídeo em Novembro passado, voltou a entrar no LudumDare 25 em Dezembro. Como resultado temos agora The White Rabbit (2012), mais uma obra visualmente brilhante. Desta vez já não em Flash, mas em Unity, com movimentação 3d, com pedaços de narrativa, sem qualquer gameplay, mas capaz de gerar em nós momentos de profunda contemplação. O jogo é curto como já era Of Species, mas tendo em conta a qualidade visual produzida em 48 horas, era díficil pedir mais.

The White Rabbit, (2012), Matthew DiVito, Ludum Dare 25 [Play]

O filme que podem ver aqui abaixo obedece à mesma lógica visual de ambos os jogos - Of Species e The White Rabbit. O filme envolve-nos num mundo geométrico que poderia facilmente atirar-nos para o vazio, austero e árido, mas que DiVito contrapõem muitíssimo bem com luz muito quente, extremamente radiante, e brilhos estelares que nos emocionam. Temos aqui uma imagem de marca no trabalho de DiVito que pode ser vista tanto nos jogos, como nos filmes, como nos gif animados. Esta sua necessidade de iluminar com intensidade mas de forma difusa, fazendo brilhar objectos que nos atraem, aquecendo o ambiente com tons pastéis e luzes com temperaturas quentes, em busca da criação de novos espaços acolhedores, é sublime.

That Will Be The Day (2012) de Matthew DiVito e Aldo Arechar

dezembro 07, 2012

a música visualizada

Understand Music (2012) é um trabalho que procura dar uma forma visual à forma musical, explicando o que esta é por meio de movimento gráfico. É um trabalho curto, mas dada a sua pureza, simplicidade e coerência, posso dizer que é talvez o melhor trabalho que alguma vez vi com este objectivo, que é imensamente complexo, algo que os próprios autores acabaram por reconhecer no seu site.



Produzido por um recém criado estúdio alemão, Finally, dedicado às artes visuais, Understanding Music tenta dar forma visual à musicalidade por intermédio do conceito de livro, e do movimento gracioso de tudo o que se move no ecrã. A tipografia é utilizada de forma brilhante discutindo o que se ouve, mas também o que se vai vendo, dando uma maior profundidade a toda a conceptualização da ideia do que é a música. É um trabalho que demonstra um domínio técnico das artes de ilustração e animação muito apurado, assim como uma enorme sensibilidade estética. Um estúdio que muito facilmente conseguirá vingar em diferentes áreas do design de comunicação.
Music is a good thing. But what we did not know until we started with the research for this piece: Music is also a pretty damn complex thing. This experimental animation is about the attempt to understand all the parts and bits of it. Have a look. You might agree with our conclusion!
Understand Music, (2012) de Finally

abril 23, 2012

Off Book: "The Art of Film and TV Title Design"

O novo episódio da série Off Book trata o Title Design, ou seja os genéricos para cinema e televisão. Esta é uma das artes que mais me tem interessado nos últimos 20 anos, por fundir tão bem o meu interesse pelo cinema com o meu interesse pelo design gráfico, no fundo é a forma de arte que deu origem a tudo aquilo que hoje chamamos de motion design.


No ano passado escrevi um artigo sobre o title design contemporâneo, Poétiques du Générique de Cinéma : l'Expressionnisme en Mouvement (Poéticas do Genérico de Cinema: Expressionismo em Movimento) para uma revista científica francesa, a Sociéte. Como o artigo está inacessível passei para aqui alguns trecho da primeira parte do artigo que ainda tinha aqui em português.

Genérico de fecho de 300 (2006) por Garson Yu da yU+co

"Esta nova forma de criar e construir as entradas no filme acabam por surgir como uma mistura de componentes narrativas do filme em si e de marketing, não sendo nem uma coisa nem outra. Como nas capa de livros, a capa é para além de informativa um dos principais motes de impulsão de compra assim como o são o Cartaz e o trailer do filme. Mas o genérico não é uma mera ferramenta de marketing, apesar de fazer uso de toda a sua mecânica persuasiva para envolver e transportar a pessoa para o território do artefacto. De algum modo e até pegando no facto de o próprio Kyle Cooper ter criado uma empresa com esse nome, a Prologue,  os genéricos transformaram-se em algo mais do que a mera visualização de informação, criando verdadeiros prólogos ou epílogos aos filmes, dando vida a uma nova forma de comunicação que envolve e “amacia”  o espectador.





"Em termos históricos podemos dizer que os genéricos para cinema têm sido mal tratados não apenas pela academia mas pela própria indústria de cinema. Das mais de vinte categorias existentes nos Oscars Academy Awards, nenhuma reconhece este trabalho  e o mesmo se sucede com os festivais de Cannes ou Veneza, entre muitos outros. Por outro lado e por estranho que pareça os genéricos são perfeitamente reconhecidos, há mais de dez anos, na área dos seriados para televisão, pelos Emmy Awards com a categoria “Outstanding Main Title Design”.

Em termos bibliográficos um dos melhores trabalhos realizados até hoje sobre a história dos genéricos no cinema é o livro Uncredited de Boneu e Solana (2007) que apesar de possuir uma fraca capacidade analítica dos artefactos em si  é capaz de elencar muito trabalho desconhecido do grande publico e até dos mais entendidos uma vez que o trabalho criativo por detrás dos genéricos foi para além de durante muitos anos negligenciado, não reconhecido nos próprios créditos de produção, e daí o nome da obra de Boneu e Solana.

Genérico de abertura de Rocknrolla (2008) por Danny Yount da Prologue

Podemos neste livro descobrir que dois dos mais conceituados realizadores da história do cinema, Hitchcock e Godard, criavam os seus próprios genéricos. Hitchcock terá mesmo começado a sua carreira no tempo do cinema mudo como designer de intertitulos e daí ao trabalho de design de genéricos foi apenas um passo. E por isso mesmo se torna tão clara a sua associação ao designer do momento nos anos 50, Saul Bass para a criação dos títulos de Vertigo (1958) e Psycho (1960) depois deste ter criado um dos primeiros e mais famosos genéricos de sempre para Man with the Golden Arm (1955)  levando mesmo a que no cartaz de promoção do filme se tivesse substituído a imagem de Frank Sinatra pelo grafismo criado por Bass (Boneu e Solana, 2007:143).


Imagem e experiência da abstracção (Arnheim, 1969:151)


O que está aqui em discussão é antes de mais a possibilidade de definir uma corrente estilística alegadamente criada por um determinado recorte de genéricos fílmicos que se concentra sobre um grupo companhias de produção de genéricos fílmicos e seus artistas. A saber em concreto que tipo de relação estética existe entre o trabalho criado pela R/GA nos anos 70, com o trabalho criado nos anos 90 pela Imaginary Forces, e depois nos anos 2000 pela Prologue e yU+co. Ou seja procurar traços estilísticos comuns no trabalho dos artistas - Greenberg, Cooper, Yu, Fong e Yount – e saber se definem per si uma corrente." Neste episódio têm desde já oportunidade para ouvir entrevistas com Fong e Frankfurt.


abril 19, 2012

RIP: Hillman Curtis (1961-2012)

Hillman Curtis morreu hoje ontem, com 51 anos, vítima de doença terminal. Tocou-me. Curtis foi alguém que encontrei há muitos muitos anos em buscas online para saber mais sobre as ferramentas da Macromedia, queria saber mais sobre quem estava por detrás, comprei e li os seus livros, vi os seus trabalhos. Curtis foi contagiante e soube despertar em mim um espírito criativo conectado com as tecnologias. Foi alguém que eu segui como uma espécie de mentor ao longo dos últimos 15 anos. Desde a criatividade digital, ao motion graphics, até à web gráfica dinâmica foram tudo janelas que ele foi abrindo e mostrando que era possível pegar na linguagem cinematográfica fundi-la com a do design gráfico e criar todo um novo mundo de representação criativa online. O seu mantra era,

 "motion is the message"

Aqui fica um filme, de e com Hillman Curtis, filmado há pouco mais de 1 mês, uma espécie de resumo do seu legado, e um adeus.

setembro 11, 2011

Blind (2011), medo do amanhã

A transformação das condições de vida no planeta terra é algo que nos assalta à medida que vamos evoluindo enquanto seres capazes de racionalizar o ecossistema que habitamos. Como seres ligados à condição primária de medo, essencialmente medo do desconhecido, muitas das imagens que nos chegam mentalmente são de transformação para cenários de destruição da qualidade de vida, literariamente qualificados de visões distópicas. Na realidade isto não é algo totalmente imaginário, sendo um filme japonês, é fácil pensar no recente terramoto e em todos os problemas criados pela central nuclear de Fukushima que se deverão prolongar por muitos anos naquela região.
Nesse sentido quando chega a altura de qualquer um de nós trazer uma nova prole para este ecossistema, são muitas as dúvidas que nos assaltam. O futuro toma conta do nosso presente, por vezes bloqueando a ação e impossibilitando o simples aproveitar do que a vida contém de bom.


Tudo isto é apresentado, nos escassos cinco minutos, do novo filme de Yukihiro Shoda, Blind (2011). Shoda é um realizador japonês formado em design pelo Kyoto Institute Technology especializado no campo do motion design e que trabalha agora em regime de freelance a partir da sua empresa K.I.R. (Keep it Real) Film.


Blind é enquanto artefacto uma pedrada emocional, um filme com um arco narrativo perfeitamente delineado que nos atinge com um fechamento surpreendente. Em termos estéticos o filme apresenta níveis de excelência no campo da fotografia e pós-produção. De notar ainda o campo da pré-produção em que o filme se destaca pela qualidade dos materiais utilizados tanto no guarda-roupa (máscaras) como dos cenários.


Finalmente quero notar que este foi mais um dos muitos projetos que recentemente começaram a ser possíveis no campo das obras criativas graças ao modelo de crowd funding, neste caso específico foi utilizado o portal Kickstarter. Blind foi apoiado na sua finalização por um grupo de cinquenta pessoas online que investiram voluntariamente um total de 4 mil dólares para que o filme fosse terminado.



Blind (2011) de Yukihiro Shoda


[via B9]

junho 13, 2011

genialidade criativa no genérico da OFFF 2011

O genérico criado pela PostPanic para a OFFF 2011 define na perfeição aquilo que eu poderia chamar de "poder da genialidade criativa". É a força bruta da estética que não dá um segundo de sossego à nossa sensibilidade. Que nos estimula, nos massaja, nos obriga a sentir. Em uma palavra, inglesa porque não temos tradução, é simplesmente "mindblowing".


Um trabalho escrito por Mischa Rozema e Si Scott que reflete a sua visão distopica do mundo. Realizado por Mischa Rozema na cidade de Praga, o filme guia o espetador através de um cenário sobre o qual vamos vendo os nomes dos artistas, que estiveram presentes este ano na OFFF, totalmente embebidos no mundo.
“We knew we wanted to make something that would unsettle and menace the audience. It was always going to be dark but also highly aesthetic. This project has filled our spare hours for the past 6 months and it is incredibly satisfying to work on something that we were given complete creative freedom on – that’s a rare luxury these days.” Mischa Rozema

Aqui fica,



março 08, 2011

Cinemotion: VFX da Bulgária


A Cinemotion acaba de lançar na rede o seu mais recente reel relativo ao trabalho realizado em 2010. Considero este reel um dos melhores que podemos encontrar online de empresas criativas e de VFX, não pela espectacularidade do trabalho apenas, mas antes de mais pela componente educativa apresentada no reel de apenas 4 minutos. É um trabalho com capacidade para iluminar o que se faz nesta arte e assim permitir que mais pessoas não só a compreendam melhor mas até talvez tenham vontade de nela ingressar.



A Cinemotion não começou agora a trabalhar na área, nem a fazer reels, já em 2008 a Autodesk a tinha seleccionado para aparecer no seu reel "The Best of the Best.

Por outro lado existe ainda uma outra particularidade que reveste esta empresa de especial interesse para quem quer trabalhar na área em Portugal, como os meus alunos de mestrado em Audiovisual e Multimédia, é que a empresa não é americana, nem inglesa ou de outra expectável nacionalidade, mas é da Bulgária. Um pequeno país europeu, tal como Portugal.

Cinemotion Showreel 2010

Nota: A música que acompanha o reel é feita por colegas também da Bulgária, os Tape Tango.

janeiro 06, 2011

uma beleza graciosa

Uma criativa de Nova Iorque, Charlex, resolveu desafiar os seus trabalhadores para produzirem o trabalho que desejassem, para assim poder servir de cartão de visita da empresa. O director da empresa Alex Weil diz que,
"Our original intent was simply to have an unfettered creative outlet for the many talented people that are part of our company".
A designer, Diana Park, criadora do desenho original do trabalho diz que a sua inspiração se baseou em,
"crafting the image of a machine creating nature. Usually it's the other way around, but conceptually and aesthetically, I thought it would be fun and challenging to mix the two."
O trabalho criado, "ShapeShifter", é um objecto de excelência do design gráfico, mas não só. Existe toda uma capacidade de fazer fluir narrativamente o grafismo, de lhe atribuir progressão, e levar o espectador. Depois o cuidado colocado na criação de "ShapeShifter" vai ao pormenor de ter como narrador o actor Gabriel Byrne, que eleva o tom de toda a obra, sustentado num fabuloso texto, "Dreams" de Fitzgerald Scott e ainda ancorado por uma banda sonora do compositor Peter Lauridsen.



Créditos
Director: Alex Weil
Narrated by: Gabriel Byrne
Co-Director and Designer: Diana Park
3D Lead/Animation: Adam Burke
Animation Development/Animation: John Karian
Lead Compositing Artist: Jesse Newman
Executive Producer: Chris Byrnes
Producer: Reece Ewing
CG Supervisor: Keith McCabe, Myung Lee
Lead Lighter: Salar Saleh
Character Technical Director: Steve Mann
Lead Modeler: Alex Cheparev
Lighting/Texturing: Mike Marsek, James Fisher, John Cook, Frank Grecco, Cesar Kuriyama, Keith McMenamy, Anthony Patti, Tom Cushwa, Jina Lee, Jeff Chavez
Matte Painting: Jina Lee
Modeling: Hung Kit Ma, Han-Chin Lee, Anthony Patti
Animation: John Wilson, Sam Crees, Jay Randall, Carlos Sandoval, Andrei Savu
Rigging: Andre Stuppert, Charles Le Guen
FX: Greg Ecker, Johnathan Nixon, Mitch Deoudes, Santosh Gunaseelan
Editors: John Zawisha, Kevin Matuszewski
Compositing: Blake Huber
Director of Engineering: Robert Muzer
Chief Engineer: Jerry Stephano
Pipeline: Michael Stella, Dan Schneider
Coordinating Producer for the Director: Jen Cadic
Additional Editor: Eli Mavros
Music Composition: Stimmung; Peter Lauridsen
Sound Design: Stimmung; Andres Velasquez
EP of Audio: Stimmung; Ceinwyn Clark

Mix: Headroom; Fernando Ascani

Associate Producer: Michael Kaufman

Color Correct: CO3; Stefan Sonnenfeld

Prose Poem: "Dreams" written by Fitzgerald Scott

Mais info: TRUST

UPDATE 12.1.2010: Entrevista da Motionographer