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dezembro 27, 2014

IGN: comentário à violência em GTA

Esta semana publiquei o último texto do ano no IGN, "A Liberdade da Violência", tendo escolhido para tal o tema da violência e os problemas que os videojogos têm apresentado no trato do mesmo. Este é um assunto imensamente problemático porque: de um lado temos os opositores dos videojogos que usam e abusam do tema para maltratar o meio; do outro lado temos os jogadores que se sentem atacados e reagem em defesa, mesmo que seja indefensável. Por isso mesmo acaba sendo um tema que evito, porque não gosto de polarizações, se o fiz foi apenas porque desmultipliquei o foco do assunto, introduzindo três casos para análise: retirada da versão remasterizada de "GTA V" de algumas lojas; o trailer de "Hatred"; e a apresentação de um jogo de guerra pela UNICEF.


Apesar destas minhas preocupações, a polémica acabou por surgir nos comentários do IGN. Normalmente não respondo, mais ainda quando os comentários surgem em tom desadequado, no entanto acabei por responder, porque entendi que podia adicionar algo mais ao que tinha dito no artigo. Os artigos que escrevo raramente ultrapassam as mil palavras, não por razões de espaço, mas por razões de atenção e respeito pelo tempo de quem lê. Por isso por vezes não é possível dizer tudo, mais ainda quando se discute um assunto de múltiplas perspectivas como acontece neste caso. Desta forma o texto desta semana acaba por se prolongar nos comentários, com ênfase para o caso de "GTA V".

O texto completo pode ser lido em "A Liberdade da Violência".

março 02, 2013

metodologia científica na análise da violência

A revista científica American Psychologist acaba de publicar o artigo Violent video games and the Supreme Court: Lessons for the scientific community... escrito pelo académico Chris Ferguson. Este artigo chega-me no mesmo dia em que publico mais um texto sobre o assunto na Eurogamer, Prateleiras cheias de +18. No meu artigo defendo basicamente que é preciso proteger os mais jovens, mas que faz pouco sentido classificar grande parte dos jogos atuais para maiores de 18 anos, explicando porquê.


Neste novo texto de Ferguson coloca-se a tónica sobre a metodologia científica, e evidenciam-se problemas de parte a parte, tanto do lado de quem diz existirem provas que demonstram que os jogos tornam as crianças violentas, como do lado dos que dizem que não tornam. A realidade que Ferguson identifica é uma corrida aos estudos e escrita de papers para agradar a ideias pré-feitas, e não para verdadeiramente descobrir evidência, ou alguma verdade. O tema é muito complexo, e difícil de demonstrar, pró ou contra. Como conclusão Ferguson deixa-nos com o efeito do tempo. Foi assim com os outros media, e assim será com este. Temos de olhar para os anos passados e verificar o verdadeiro impacto histórico tido pelo media. E aquilo que os dados nos dizem ao fim de 40 anos é que na verdade os jogos não incrementaram a violência na sociedade. Atente-se no gráfico abaixo,

Violent video games and the Supreme Court: Lessons for the scientific community...American Psychologist, Vol 68(2), Feb-Mar 2013, 57-74

Impressiona ver como o aumento de vendas de videojogos não conseguiu inverter ou pelo menos manter os níveis de violência juvenil, já que esta não parou de baixar. Este gráfico feito com dados quantitativos demonstra bem como muitos estudos que têm afirmado que os jogos poderiam ser responsáveis por um aumento da violência de até 30% são completamente desprovidos de evidência empírica, e se baseia apenas e só na crença.

A série anime Elfen Lied (2005) contém violência gráfica como poucas vezes pudemos ver em videojogos

Aliás esta correlação apresentada no gráfico assemelha-se bastante à que faço no meu texto hoje na Eurogamer, sobre a cultura do Manga e Anime na sociedade japonesa,
"O Japão é um dos maiores produtores de violência gráfica, desde o Manga ao Anime, por vezes até eu enquanto adulto me sinto incomodado com algumas coisas que ali vejo serem assumidas com tanta normalidade. No entanto a sua taxa de mortes por assassinato é a mais baixa de todo o planeta [2]. Em 2009 a taxa do Japão neste campo era um terço da taxa portuguesa, que é já bastante baixa."
De resto aconselho vivamente à leitura do artigo de Ferguson, mostra bem como a ciência é o caminho para verdade, mas não é nunca a verdade em si mesmo. Para quem estuda o tema é um artigo obrigatório pela imensidão de artigos e dados compilados.