junho 23, 2009

Brincar

Acabo de ver a conferência TED de Stuart Brown, do National Institute for Play, e mais uma vez me sinto em estado de flow com tudo o que ouvi. Nada de novo mas este assunto inspira-me e delicia-me. O acto de brincar é inato, vem pré-inscrito nos nossos cérebros e somente por forças de origem patológica não nos engajamos nesse acto. Brincar é algo intrínseco ao ramo dos mamíferos e como tal está fortemente enredado com todo o nosso sistema emocional e cognitivo.

Stuart Brown abre a conferência com um artigo de capa, Taking Play Seriously, da The New York Times Magazine, a revista de domingo do NYT, que eu comprei quando estive em San Diego em Fevereiro de 2008. Guardei esse artigo para preparar inicialmente um texto para o blog, acendendo ramificações que me pudessem despoletar vontade de perseguir o assunto num paper. Nunca cheguei a fazer esse texto por falta de tempo e pela imensidade de outros assuntos que nos absorvem por completo. Agora que vejo esta conferência, resolvi passar por aqui e deixar-vos não só a mesma mas também esse belíssimo artigo da NYT Mag.


Muitos em Portugal pensarão, hmmmm, aqui está a raiz de muito daquilo que o Eduquês defende. Mas é exactamente por isso que no final Brown é questionado sobre essa questão, sobre o facto de ele defender o brincar como essencial na aprendizagem e aí Brown acaba por fechar o discurso apenas defendendo a sua dama, esquecendo que a importância da sua dama representará o declínio de outras. Contudo uma coisa é de grande importância, a relevância que o acto de brincar tem para nossa sobrevivência é insubstituível. Poderíamos até dizer mas agora vivemos numa sociedade menos prática e mais intelectual. Ora o brincar não é apenas um acto prático, físico, de contacto é muito mais que isso é um acto social que nos ensina a "ser". Que é base sólida para o relacionamento interpessoal, intergrupal e até íntimo. É base da amizade, da partilha, da gestão de expectativas e de liderança, do amor pelo próximo.

junho 19, 2009

so beautiful

Aqui está o último capitulo da trilogia de Fumito Ueda, depois de Ico (2001), Shadow of Colossus (2005), agora The Last Guardian (TBA). O videojogo que finalmente me fará comprar a PS3, dada a tradicional exclusividade Sony.

junho 16, 2009

Saudek em movimento

Fate Descends towards the River Leading Two Innocent Children, Jan Saudek, 1970

Tadas Svilainis resolveu pegar no trabalho de Saudek e dar-lhe movimento. É um trabalho inspirador.
Short experimental movie about love, betrayal, death. The idea was to create animated film using photos by Jan Saudek. I scanned stills from photo album, cut images into layers with Photoshop and animate them in After Effects.


UPDATE 31.1.2011 Parece que o vídeo foi retirado deixo um link para o vídeo por outro acesso.

junho 15, 2009

comunicação visual interactiva portuguesa

Uma notícia que tinha visto há algum tempo e não consegui deixar aqui no blog, agora que encontrei uma excelente entrevista realizada pela digup.tv ao Manuel Lima, aproveito para deixar a notícia e ampliar a lista de bons exemplos portugueses. Desta vez trata-se de comunicação visual fortemente suportada na interactividade ao invés da audiovisual referenciada no post anterior.


Manuel Lima é autor do site Visual Complexity com o qual conseguiu o feito de ser nomeado pela revista americana CREATIVITY como "one of the 50 most creative and influential minds of 2009". Nesta lista aparecem nomes como Jeff Bezos fundador da Amazon; Sergey Brin e Larry Page fundadores da Google; David Axelrod e David Plouffe os cérebros por detrás da campanha online de Barack Obama; entre autores como David Fincher, David Byrne, Jean Nouvel, ou ainda os criadores de Little Big Planet para a PS3 ou de Braid para a Xbox; Carlos Ulloa criador de Papervision 3d entre outros.

Para Manuel Lima o seu trabalho representa
"Our ability to generate and acquire data has by far outpaced our ability to make sense of that data. Meaningful information is not a given fact, and particularly now, when our cultural artifacts are being measured in gigabytes and terabytes, organizing, sorting and displaying information in an efficient way is a crucial measure for knowledge and ultimately wisdom. This is where information visualization undertakes an important mission."
Licenciado em Design Industrial pela Faculdade de Arquitectura da UTL, Mestrado em Design & Technology, na Parsons School of Design de Nova Iorque é actualmente Senior User Experience Designer na Nokia's NextGen Software & Services baseada em Londres.

Vejam a entrevista concedida por ele à digup.tv e apreciem a visão de Manuel Lima.

comunicação audiovisual

Nesta manhã foi com surpresa que abri um link proporcionado pelo colega Luís Pereira a quem agradeço, para ver o filme A Thousand Words de Ted Chung. Dado o meu maravilhamento com a curta, o Luís passou-me ainda um outro link, Signs de Patrick Hughes. Fiquei aqui parado durante uns bons minutos a reflectir e a pensar no que tinha acabado de presenciar.

Outrora tínhamos apenas os canais dos festivais para aceder a estas obras, hoje a net veio revolucionar a comunicação e esta é cada vez mais audiovisual e menos textual. Hoje ser literado não significa apenas saber ler e escrever, mas ver/interpretar e também criar visualmente. A net outrora vista como a revolução da interactividade é cada vez mais um bastião de propagação do media que é ainda o mais capaz no contar de histórias, o audiovisual. Especialmente para os meus alunos espero que tirem ilações sobre o potencial narrativo do media e que sejam capazes de largar as amarras que os prendem ao texto para deixarem a imagem falar.

Deixo abaixo os dois filmes que me deliciaram nesta manhã e espero que desfrutem tanto como eu. Ted Chung esteve presente com este filme no Berlin Talent Campus de 2008 e no Pangea Day o festival organizado pela TED. Patrick Hughes preparou o filme para o Schweppes Short Film Festival.




A Thousand Words de Ted Chung





Signs de Patrick Hughes (ver em HQ)

junho 14, 2009

Well Played 1.0

Drew Davidson o actual director do Entertainment Technology Center na CMU acaba de editar pela ETC-Press, Well Played 1.0: Video Game, Value and Meaning sob licença da Creative Commons, ou seja o livro pode ser descarregado integralmente da web de forma gratuita. O livro apresenta leituras de jogos com o objectivo de criar uma literacia sobre o mundo dos videojogos.
This book is full of in-depth close readings of video games that parse out the various meanings to be found in the experience of playing a game. 22 contributors (developers, scholars, reviewers and bloggers) look at video games through both senses of “well played.”
The goal is to help develop and define a literacy of games as well as a sense of their value as an experience. Video games are a complex medium that merits careful interpretation and insightful analysis.
Os capítulos podem ser descarregados directamente nos links abaixo:

no comments

Werner Herzog, realizador de cinema

in Público 13.06.2009
"A solidão humana aumentará em proporção directa do avanço nas formas de comunicação"
original quote, in IMDB
"It is my firm belief, and I say this as a dictum, that all these tools now at our disposal, these things part of this explosive evolution of means of communication, mean we are now heading for an era of solitude. Along with this rapid growth of forms of communication at our disposal - be it fax, phone, email, Internet or whatever - human solitude will increase in direct proportion."

junho 05, 2009

Home de Yann Arthus-Bertrand


Estreia hoje mundialmente e em multiplataformas, Home, o filme de Yann Arthus-Bertrand. O filme trabalha sobre o seu trabalho fotográfico prévio, La Terre vue du Ciel, no qual fotografou grande parte do nosso planeta a partir do céu. É a primeira vez que uma longa-metragem estreia em tão grande número de plataformas audiovisuais: Salas de Cinema, Projecções de rua, DVD, Televisão (TV2), Youtube .


O filme realizado por Yann Arthus-Bertrand, foi produzido por Luc Besson e narrado pela conhecida actriz Glenn Close, foi filmado em alta-definição, em 54 paises, 120 locais diferentes e durante quase um ano (217 dias). O primeiro filme a providenciar uma perspectiva contínua do ar, mostra a nú toda a beleza e chagas do planeta Terra e serve o propósito de nos alertar para o que estamos a destruir no Dia do Ambiente Mundial.
O filme será projectado por baixo da Torre Eiffel em Paris, no Central Park em Nova Iorque e na Trafalgar Square em Londres. Estreia em 100 paises e em 23 linguas.

Deixo o trailer aqui abaixo, e vejam o filme já a seguir no YouTube. Se não puderem ver já, guardem o link e vejam nos feriados que se aproximam. É um hino à natureza e ao que podemos ser. A ver obrigatoriamente por nós e pelos nosso filhos.

Steven Johnson no Twitter na Time

Uma brincadeira realizada pela Time sobre um texto de Steven Johnson para a Time sobre o Twitter que acaba na front page a demonstrar a velocidade a que rodam as coisas no mundo Tiwtter.
Não sou defensor da ferramenta, mas que está no seu auge, não há qualquer dúvida. (Já para não falar no Iphone que aqui aparece publicitado de forma indirecta, mas que é também grande responsável por muito do sucesso do Twitter.)

[a partir de setvenberlinjohnson.com]

junho 03, 2009

uma cultura, e uma arte portuguesas

Do que pude ouvir no MySpace só posso dizer que fiquei literalmente apaixonado pela nova banda portuguesa Sean Riley & The Slowriders. São um hino ao modelo canção, uma surpresa tal como foi Rita Redshoes, aqui menos pop, mais melancólico, mais profundo. Sean Riley encaixa-se na linha de Tindersticks, a dar laivos de melancolia de Tom Waits e Leonard Cohen e a encaixar numa sonoridade de Nick Cave. Para o Blitz nada menos que 5/5, "...não deixa de surpreender o fôlego e a coesão quase conceptual do novo Only Time Will Tell...Um disco exemplar e apaixonante”. Realmente ouvir esta banda é uma fonte de inspiração interminável e dá-nos vontade levitar, de lutar e viver, de sermos mais capazes de sermos criadores, seja em que área nos movamos, musica, cinema, videojogos, pintura. Por favor criem, criem mais, muito mais, façam deste um país criativo e criador (escrito enquanto ouvia Harry Rivers).

Sinto Portugal a mudar e a evoluir musicalmente, veja-se também o último trabalho de Rodrigo Leão, A Mãe (2009). Aliás julgo que devemos nos dar por muito contentes porque no nível cultural o nosso país têm sentido os efeitos de um aumento dos níveis de formação que permitiu às pessoas aceder a níveis superiores de cultura e desse modo produzir também a outros níveis. No cinema tivemos João Salaviza aqui há dias em Cannes com uma marca portuguesa que não é aquela que nos quiseram vender nos últimos anos, é uma marca embebida de cultura global, capaz de sair da casca e chegar ao íntimo de nós. Para que serve a arte, se não para nos penetrar e fazer estremecer, é disto que fala a emoção humana, e a arte é emoção antes de cognição. Ainda no campo da cultura temos casos como Sofia Escobar nomeada em Inglaterra para Best Actress in a Musical pela sua performance no 50º aniversário de produção do musical West Side Story. No design tivemos já estampas de portáteis da HP com a ilustração nacional, tivemos videoclips dos Incubus, tivemos protótipos da Peugeot, tivemos All-stars converse. A evolução no mundo do stand-up comedy, do qual não sou particularmente fã, também não é alheia a esta evolução decorrida no nosso país.

Muitos mais exemplos teriamos para colocar aqui, mas realmente não tenho aqui nenhuma lista e estes foram apenas os que me lembrei. Vou tentar trazer para aqui esses caso doravante e já agora peço-vos que deixem outros exemplos nos comentários.